Gareth Crook, vice-presidente sênior de esportes, discute um dos mercados de apostas esportivas que mais cresce
Por Gareth Crook, Vice-presidente Sênior de Esportes da Pragmatic Play
Dez anos atrás, apostar em eSports era pouco mais que uma curiosidade – mercados limitados que atendiam predominantemente a fãs fervorosos. Hoje, é um player importante no cenário global de apostas. Basta olhar para a recente Copa do Mundo de eSports: milhões de espectadores, enormes volumes de apostas e a prova de que os eSports saíram das sombras para desafiar os esportes tradicionais em busca de atenção e receita.
Hoje, a indústria de eSports vale mais de US$ 4,8 bilhões em todo o mundo* e continua sendo uma das áreas de apostas esportivas que mais crescem. O momento é oportuno: mudanças nas regulamentações, casas de apostas mais inteligentes e mudanças no comportamento dos jogadores estão impulsionando a adoção em massa.
As casas de apostas esportivas agora vão muito além da oferta de mercados de eSports com tokens. Os jogadores têm acesso a opções de apostas detalhadas, ação ao vivo e produtos personalizados especificamente para grandes títulos. Reguladores em todo o mundo também estão criando estruturas específicas para eSports, reduzindo o risco para os operadores e liberando-os para investir em inovação de produtos e marketing. No Reino Unido, por exemplo, a Comissão de Jogos de Azar classificou formalmente os eSports como “apostas em eventos reais”, permitindo que operadores licenciados ofereçam mercados de eSports sob a mesma estrutura regulatória dos esportes tradicionais. Essa clareza encorajou grandes marcas a desenvolver verticais dedicadas aos eSports, em vez de tratá-los como um nicho adicional.
Mais importante ainda, os eSports se encaixam perfeitamente com a nova geração de apostadores com 18 anos ou mais. A geração Z e os millennials, criados com experiências digitais interativas, são atraídos pela imediatez das apostas em eSports. Micromercados – como prever o resultado da próxima rodada no Counter-Strike 2 (CS2) ou se um time de League of Legends garantirá um objetivo importante – atendem a essa demanda por engajamento rápido e em tempo real. Para isso, os operadores não precisam apenas de acesso a tecnologia avançada e dados oficiais em tempo real, mas também de integrações perfeitas que garantam atualizações de mercado instantâneas e confiáveis.
Isso porque os eSports não são um esporte único. São um ecossistema de mundos competitivos muito diferentes. Um jogo de tiro tático como CS2 não se parece em nada com um MOBA como Dota 2, que por sua vez tem pouco em comum com simuladores esportivos como FIFA. Mesmo dentro dos gêneros, as nuances são significativas. Tratar os eSports como uma única vertical “tamanho único” é a maneira mais rápida de desperdiçar seu potencial.
O ambiente midiático também é único. Plataformas como Twitch e YouTube impulsionaram os eSports modernos, impulsionados por streamers e criadores de conteúdo que muitas vezes exercem tanta influência quanto os próprios times. Adicione investidores famosos como David Beckham, Shaquille O’Neal e Sergio Agüero e a linha entre eSports e esporte tradicional se torna ainda mais tênue. Para os operadores de apostas, essa transição oferece enormes oportunidades, mas somente se eles adotarem o engajamento baseado em conteúdo: estatísticas ao vivo, destaques e interação com a comunidade.
E, claro, os torneios de destaque, como a eSports World Cup, CS2 Majors, The International e o League of Legends World Championship, são momentos de ouro para integrar novos apostadores, apresentar recursos e promover títulos de forma cruzada.
Minha primeira lembrança de jogos foi o VIC 20, seguido pelo Spectrum e, mais tarde, pelo Amiga. Na época, eu realmente achava que éramos classe média simplesmente porque tínhamos um. Horas eram perdidas no Decathlon, no Speedball e, claro, no Football Manager, de Daley Thompson, que existe até hoje. Meu pulso ainda dói de correr os cem metros naquele joystick de plástico. Avançando 30 ou 40 anos, quem poderia prever que as apostas em jogos de computador (agora definidos como eSports) se tornariam um item básico nas apostas esportivas globais.
Na Pragmatic Play Sports, reconhecemos que esta é uma das maiores lacunas de produtos do setor. Com o lançamento de seis títulos líderes em eSports, não apenas eliminamos essa lacuna, como também nos posicionamos para ajudar as operadoras a capturar o que está se tornando rapidamente um setor de crescimento crítico.
Olhando para trás, de cinco a dez anos atrás, quando eu liderava uma operadora de apostas esportivas sediada no Reino Unido, a indústria já falava sobre o potencial dos eSports. A previsão era de que eles dominariam rapidamente as apostas esportivas globalmente. Admito que eu estava cético. Os eSports certamente cresceram, mas ainda não alcançaram o domínio em todos os territórios. A adoção é desigual: uma penetração significativa já é visível em certos mercados asiáticos, enquanto muitas partes da Europa ainda estão um pouco atrasadas.
Nossos dados iniciais confirmam alguns padrões claros e dissipam certos mitos:
Esses insights já influenciam a forma como projetamos nosso produto. Por exemplo, a categoria efootball agora tem destaque nas páginas de futebol ao vivo, facilitando a venda cruzada entre futebol clássico e títulos de eSports relacionados.
Para os operadores, o desafio não é se devem ou não oferecer eSports; é como atender a dois públicos tão diferentes. Os eSports podem servir de ponte para apostadores esportivos clássicos. Com mais de 35.000 eventos negociados mensalmente e uma programação 24 horas por dia, 7 dias por semana, o produto é perfeitamente adequado para acompanhar os esportes tradicionais e atrair atividades cruzadas. Ao mesmo tempo, existe um público distinto, “eSports em primeiro lugar”, que espera uma experiência totalmente diferente. Os puristas dos eSports não apreciarão um layout padrão de apostas esportivas; eles exigem uma interface de usuário mais alinhada às plataformas que já utilizam, como o Twitch. Atender a ambos os grupos pode exigir landing pages dedicadas ou jornadas de usuário alternativas.
Há também uma perspectiva regulatória. Em muitas regiões, as apostas em eSports ainda não são tratadas como um produto básico de apostas esportivas. Alguns reguladores restringem completamente seu uso. Isso vai evoluir. Os eSports já têm organizadores oficiais de torneios e detentores oficiais de direitos de dados de apostas. Com o tempo, esperamos que os eSports sejam regulamentados da mesma forma que o futebol, o basquete ou o tênis, com provedores e operadores trabalhando juntos para garantir ofertas totalmente compatíveis.
Esta é a próxima fronteira. As operadoras que abraçarem o desafio e experimentarem soluções, serão aquelas que conquistarão uma geração de clientes criada com jogos em vez de esportes televisivos. Na Pragmatic Play Sports, estamos comprometidos em trabalhar com parceiros para resolver esse problema juntos e ajudar operadores a explorar todo o potencial dos eSports.
As apostas em eSports ainda estão em desenvolvimento, mas a trajetória é óbvia: públicos maiores, tecnologia mais avançada e um mercado pronto para o crescimento a longo prazo. Do joystick às apostas esportivas, a jornada se completou.
* www.statista.com